É o que eu sinto nesses dias. Vazio. É aquela sensação de sentimento inexistente; de estar e não ser, de comer e não degustar, de sobreviver ao invés de viver. Ando sentindo esse pesadelo emocional desde o término de meu namoro. Existem dois possíveis motivos.

O primeiro: eu dependi demais dele. Minha felicidade dependia dele, meu ser e viver dependiam dele. Não digam que isso foi infantilidade. Não confunda infantilidade com imaturidade. Não estava madura na época.

Agora estou.

E por antes depender tanto dele, acabei por perde-lo. Perdi minha tal felicidade. Perdi minha tal vida.

...Não, isso não.

O segundo: eu posso ter desistido, momentaneamente, de acreditar no ser humano do sexo oposto. Não me refiro à amizade, claro... Grandes amigos meus são homens. Digo no sentido de amar. Amor. Essa é a possibilidade que mais me agrada, ou, melhor dizendo, menos desagrada. Percebi que meu ex-namorado não me amava. Não realmente.

"Amor quando é amor não definha

E até o final das eras há de aumentar.

Mas se o que eu digo for erro

E o meu engano for provado

Então eu nunca terei escrito

Ou nunca ninguém terá amado."

Disse uma vez o sábio Shakespeare.

Concordo. Concordo tanto que me chegam lágrimas aos olhos. Mas o sexo oposto parece não concordar. Pelo menos, não os que eu tenho conhecido. Meu ex terminou comigo por nada. “Pelo simples fato de não te amar mais.” (Essas são palavras dele. Não mudei uma vírgula.) Um belo dia ele chegou para mim e me disse que a chama se apagou e que não me amava tanto quanto achava que amava. Que tinha se cansado de mim. E que agora era um para cada lado. Mas, claro, ele não faltou por dizer:

- Quero que continuemos amigos, não quero te perder da minha vida.

E eu, ingênua, acreditei. Em cada palavra, eu acreditei. Nos dias seguintes, veio a faca da realidade cravar no meu peito... Ele, a quem eu dedicava meu amor, passou a me ignorar. Passava direto nos corredores frios do colégio. Não me olhava nos olhos. E se eu começasse algum assunto, tentando iniciar uma conversa como antigamente, ele me cortava, e agia como se estivesse fazendo um favor para mim, me ouvindo. Ouvindo as besteiras que eu falava, ouvindo, percebendo minhas esperanças de um novo futuro, agora como amiga. Não, Koyame não é assim. Ela não pensa assim, ela não é fraca. Muito menos boba. Esqueci ele. Cada célula cerebral minha esqueceu do nome Pedro. E agora sinto nojo de até mesmo digitar este nome. Ainda espero minha vingança... Doce e terna vingança que, eu juro, um dia saborearei.

Acho engraçado o fato de que eu tenha amigos que nunca amaram. Alguns com 18 anos, outros 13, das mais variadas idades, dizendo que nunca amaram. Já namoraram, se declararam, mas nunca amaram realmente. Nunca estiveram de fato apaixonados. Como um ser pode ser tão cruel, iludindo outro ser tão frágil em sentimentos? Como eles podem começar um comprometimento de amor, se não amam?

E, depois dessa arrumação de idéias, odiando alguém que antes eu tinha amado, pensei sozinha...

- Será que todos são assim?

Frios, sem coração. Desprovidos de amor. Então esse pesadelo me veio à cabeça, e já há 2 meses não sai dela. Todos os garotos que conheço nos dias de hoje já são considerado sem valor. Não ouço mais os pontos de vista deles, ignorando o fato de que cada indivíduo é diferente do outro. Meu coração se fechou em um inverno trincante. Não. Agora não. Não quero mais saber de garotos. Sexo oposto só me enoja. Por enquanto, me deixe sozinha, só com o som do silêncio em minha mente. Isso vai passar. Vai. Só que por enquanto, não me importo que não passe. Por enquanto, deixe meu coração se esquentar sozinho. Sem ajuda, sem pressão, sem expectativas. Agora, o calor da estação vai fazer todo o trabalho.